Diante de um cenário em que a construção civil teve que se reinventar com a alta dos insumos, desencadeada por fatores como a pandemia e, mais recentemente, a guerra entre Rússia e Ucrânia, o papel da engenharia nesse movimento é ainda mais importante para o futuro e o sucesso dos empreendimentos referentes à construção de propriedades. A CEO da Rio8, Mariliza Fontes Pereira, que acompanha a evolução do setor há mais de 10 anos, fala com propriedade sobre o assunto para o nosso blog. Confira o bate-papo:
Blog: Qual era o papel da engenharia no início da sua carreira?
Mariliza: quando comecei a minha trajetória profissional como arquiteta, o padrão era assim: o setor de Engenharia dava a base para os custos, para a viabilidade e o resultado do empreendimento. Engenheiros e arquitetos, juntos, desenvolviam o projeto e o mesmo seguia para o Financeiro.
Blog: O que vem mudando nesse fluxo na sua percepção?
Mariliza: Nos últimos 10 anos, o que presenciei foi exatamente o contrário, ou seja, quem ditava as regras era o Financeiro, especialmente em empresas de capital aberto. Com isso, a Engenharia ficou em segundo plano. Tudo era baseado no objetivo de fechar a conta e determinar o percentual de lucro. Se essa estratégia é certa ou errada, não sei dizer, mas considero que o melhor caminho é que as duas áreas andem lado a lado, sejam parceiras e não adversárias.
Blog: A pandemia trouxe quais aprendizados para a construção civil?
Mariliza: o lado positivo da crise é perceber que esse entendimento está voltando e a alta dos insumos é a principal “culpada”. As construtoras enxergaram novamente a importância da inteligência da Engenharia no resultado dos empreendimentos, pois foi preciso sentar com estes profissionais durante a crise da Covid-19 para pensar em soluções, produtos e métodos de trabalho que pudessem ser colocados em prática neste período sem comprometer, claro, a qualidade da construção.
Blog: Qual a estratégia para um empreendimento de sucesso?
Mariliza: Hoje, o sucesso de um projeto está nas pesquisas de campo e na inteligência da Engenharia. São estas estratégias que vão determinar qual o melhor local para lançar, qual o tipo de empreendimento e qual é o perfil do cliente daquela região. As contas e a viabilidade são consequências desse processo. Óbvio que é preciso pensar nos resultados, no lucro, mas é fundamental também olhar com muita atenção quais são as saídas de Engenharia que podem diminuir os custos, mantendo a qualidade, e qual produto atende o interessado que pretende comprar um imóvel.
Blog: Como a Rio8 enfrentou a pandemia e o alto custo dos insumos?
Mariliza: A pandemia forçou o setor a buscar novas soluções com o pessoal de Engenharia, Arquitetura Planejamento e Suprimento. Na Rio8, tivemos que segurar as pontas com o aumento dos insumos, pois não teve como repassar esses custos para o valor do imóvel. Imagina fazer isso no momento em que o brasileiro perdeu o seu poder de compra!
Blog: A engenharia então não pode perder a sua essência, certo?
Mariliza: Exatamente. A engenharia voltou a ser a grande estrela dos empreendimentos, lado a lado com o financeiro, e isso é muito positivo. A primeira faz as contas e passa para a segunda identificar a viabilidade saudável, coisa que não acontecia nos últimos 10 anos.
